14: E todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, reina sobre nós!’.
1: Abimelec, filho de Jerobaal, foi ter com os irmãos de sua mãe em Siquém, e disse-lhes, assim como a toda a família de sua mãe:
2: “Dizei, vo-lo peço, a todos os habitantes de Siquém: O que é melhor para vós: serdes dominados por setenta homens, todos filhos de Jerobaal, ou que um só homem seja vosso rei? Lembrai-vos de que eu sou de vosso sangue e de vossa carne”.
3: Os irmãos de sua mãe falaram dele aos habitantes de Siquém, referindo-lhes suas palavras e inclinaram o seu coração para Abimelec, “porque – diziam eles – é nosso irmão”.
4: E deram-lhe setenta siclos de prata tomados do templo de Baal-Berit, com os quais assalariou homens miseráveis e aventureiros que o seguiram.
5: Foi à casa de seu pai, em Efra, e matou sobre uma pedra os seus irmãos, filhos de Jerobaal, setenta homens; escapou somente Joatão, filho mais novo de Jerobaal, porque se tinha escondido.
6: Juntaram-se então todos os siquemitas com todos os de Bet-Melo e vieram junto do terebinto da coluna sagrada que havia em Siquém, onde proclamaram rei Abimelec.
7: Sabendo disso, subiu Joatão ao cimo do monte Garizim e exclamou: “Ouvi-me, homens de Siquém, para que Deus vos ouça!
8: As árvores resolveram um dia eleger um rei para governá-las e disseram à oliveira: reina sobre nós!
9: Mas ela respondeu: ‘Renunciarei, porventura, ao meu óleo que constitui minha glória aos olhos de Deus e dos homens, para colocar-me acima das outras árvores?’.
10: E as árvores disseram à figueira: ‘Vem tu e reina sobre nós!’
11: Mas a figueira disse-lhes: ‘Poderia eu, porventura, renunciar à doçura de meu delicioso fruto, para colocar-me acima das outras árvores?’.
12: E as árvores disseram à videira: ‘Vem tu, reina sobre nós!’.
13: Mas a videira respondeu: Poderia eu renunciar ao meu vinho que faz a alegria de Deus e dos homens, para colocar-me acima das outras árvores?’.
15: E o espinheiro respondeu: ‘Se realmente me quereis escolher para reinar sobre vós, vinde e abrigai-vos debaixo de minha sombra; mas, se não o quereis, saia fogo do espinheiro e devore os cedros do Líbano!’.
16: Agora, pois, se com lealdade e boa-fé escolhestes Abimelec para vosso rei, se vos portastes bem com Jerobaal e sua casa, correspondendo aos benefícios que ele vos fez –
17: porque meu pai combateu por vós e livrou-vos dos madianitas arriscando a própria vida;
18: vós, que agora vos levantastes contra a casa de meu pai, matastes todos os seus setenta filhos sobre uma pedra e proclamastes rei dos habitantes de Siquém a Abimelec, filho de sua escrava, sob o pretexto de que ele é vosso irmão –,
19: se, pois, com lealdade e boa-fé procedestes bem com Jerobaal e sua casa, então que Abimelec vos faça felizes e que vós o façais feliz igualmente!
20: Do contrário, saia fogo de Abimelec e devore os homens de Siquém com os de Bet-Melo; e saia fogo dos habitantes de Siquém e de Bet-Melo e devore Abimelec!”.
21: Fugiu em seguida Joatão para Bera, onde habitou, longe de Abimelec, seu irmão.
22: Reinou Abimelec sobre Israel durante três anos.
23: E Deus suscitou um mau espírito entre ele e os habitantes de Siquém, que os fez se revoltarem.*
24: Isso aconteceu para que fosse vingado o homicídio dos setenta filhos de Jerobaal, e seu sangue caísse sobre Abimelec, seu irmão, que os havia matado, e sobre os siquemitas que tinham sido seus cúmplices.
25: Os homens de Siquém armaram contra ele emboscadas no alto dos montes e puseram-se a despojar todos aqueles que passavam por ali; e Abimelec foi informado disso.
26: Gaal, filho de Obed, foi com seus irmãos a Siquém e ganhou a confiança dos homens do lugar.
27: Saíram pelos campos, vindimaram as vinhas, pisaram as uvas, celebraram a festa. Foram ao templo do seu deus e ali fizeram um festim, amaldiçoando Abimelec.
28: Gaal, filho de Obed, disse: “Quem é Abimelec e o que é Siquém, para que lhe estejamos sujeitos? Não é ele filho de Jerobaal e não é Zebul o seu lugar-tenente? Servi a família de Emor, o pai de Siquém? Por que razão serviremos Abimelec?
29: Oxalá tivesse eu poder sobre esse povo! Eu arrasaria Abimelec e lhe diria: aumenta o teu exército e vem!”.
30: Zebul, governador da cidade, sabendo o que dissera Gaal, filho de Obed, encolerizou-se,
31: e mandou secretamente dizer a Abimelec: “Gaal, filho de Obed, veio a Siquém com seus irmãos e anda sublevando a cidade contra ti.
32: Levanta-te de noite tu e tua tropa e põe-te de emboscada no campo.
33: Amanhã cedo, ao nascer do sol, lança-te sobre a cidade; quando Gaal e sua tropa saírem contra ti, tu farás o que as circunstâncias te permitirem”.
34: Abimelec, pois, partiu durante a noite com toda a sua gente e pôs emboscadas em quatro grupos junto de Siquém.
35: Entretanto Gaal, filho de Obed, saiu e instalou-se diante das portas da cidade. Então, Abimelec com todos os seus deixou a emboscada.
36: Vendo aquela tropa, Gaal disse a Zebul: “Eis uma multidão que desce das colinas”. “Tu vês – respondeu Zebul – as sombras das colinas como se fossem homens.”
37: Gaal replicou: “Está descendo uma tropa do alto; e eis uma outra que vem pelo caminho do carvalho do Adivinho”.
38: Zebul disse-lhe então: “Onde está agora a tua arrogância, tu que dizias: ‘Quem é Abimelec para que nós o sirvamos?’. Eis o povo que tu desprezavas! Vai agora e combate contra ele!”.
39: Saiu Gaal à frente dos siquemitas e combateu contra Abimelec.
40: Mas foi derrotado por Abimelec e fugiu. Muitos homens, que estavam mortalmente feridos, caíram antes de terem atingido o limiar da porta.
41: Abimelec deteve-se em Aruma; Zebul, porém, lançou Gaal e seus irmãos fora de Siquém.
42: No dia seguinte, o povo saiu ao campo. Tendo sabido disso, Abimelec
43: tomou sua tropa, dividiu-a em três grupos e os pôs de emboscada no campo. Ao ver que o povo saía da cidade, atacou-o e derrotou-o,
44: vindo em seguida com o seu grupo tomar posição à entrada da cidade, enquanto os dois outros grupos perseguiam os que estavam no campo e os massacravam.
45: Abimelec combateu a cidade durante todo aquele dia e tomou-a. Matou toda a população, arrasou a cidade e semeou-a de sal.
46: Ao ouvirem isso, todos os habitantes da torre de Siquém retiraram-se para a fortaleza do templo de El-Berit.*
47: E foi noticiado a Abimelec que todos os habitantes da torre de Siquém se tinham retirado para esse lugar.
48: Subiu então Abimelec com sua tropa ao monte Selmon, tomou um machado e cortou um galho de árvore. Pondo-o aos ombros, disse à sua gente: “Vistes o que fiz? Apressai-vos a fazer o mesmo”.
49: Cortou cada um deles um galho e todos seguiram Abimelec; puseram esses galhos contra a fortaleza e puseram-lhes fogo, sendo a fortaleza, com todos os seus ocupantes, devorada pelas chamas. Desse modo pereceram todos os que habitavam na torre de Siquém, cerca de mil pessoas, tanto homens como mulheres.
50: Depois disso, Abimelec marchou contra Tebes. Assediou Tebes e a conquistou.
51: Havia no meio da cidade uma torre forte, na qual se tinham refugiado todos os habitantes, homens e mulheres. Fechando bem a porta, subiram ao terraço da torre.
52: Abimelec, chegando ao pé da torre, aproximou-se da porta para lhe pôr fogo.
53: Então uma mulher, lançando de cima uma pedra de moinho, feriu-lhe a cabeça, fraturando-lhe o crânio.
54: Chamou imediatamente seu escudeiro e disse-lhe: “Tira a tua espada e acaba de matar-me, para que se não diga que fui morto por uma mulher!”. Seu escudeiro o feriu e Abimelec morreu.
55: Morto Abimelec, todos os israelitas voltaram para suas casas.
56: Assim Deus fez recair sobre Abimelec o mal que tinha feito a seu pai, matando seus setenta irmãos.
57: E do mesmo modo Deus fez recair sobre os siquemitas os seus crimes. Assim se cumpriu sobre ele a maldição de Joatão, filho de Jerobaal.