44: Pois, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles.
1: Concluídos esses tratados, voltou Lísias para junto do rei e os judeus voltaram aos trabalhos dos campos.
2: No entanto, chefes militares locais, como Timóteo e Apolônio, filho de Geneu, bem como Jerônimo e Demofonte, e além destes, o cipriarca Nicanor, não lhes davam trégua nem os deixavam viver em paz.
3: Por outro lado, os habitantes de Jope praticaram a seguinte infâmia: convidaram os judeus que habitavam entre eles a subirem com suas mulheres e filhos para barcas que eles haviam preparado. Não davam a entender qualquer má intenção escondida,
4: mas pareciam proceder, seguindo uma decisão votada pela cidade. Os judeus, pacíficos e sem suspeitarem, anuíram, mas quando chegaram ao alto-mar foram afogados em número de duzentos pelo menos.
5: Mal soube Judas do crime praticado contra a gente de sua nação, convocou seus homens.
6: Depois de ter invocado a Deus, justo juiz, foi contra os carrascos de seus irmãos e, de noite, ateou fogo ao porto, incendiou as embarcações e passou a fio de espada os que ali se haviam refugiado.
7: Como a cidade mesma estivesse fechada, afastou-se, mas com a intenção de voltar e exterminar todos os habitantes de Jope.
8: Por outro lado, informado de que os habitantes de Jâmnia queriam tratar do mesmo modo os judeus que viviam com eles,
9: atacou-os naquela mesma noite e incendiou o porto e a esquadra. De Jerusalém, que dista duzentos e quarenta estádios, podia-se observar o clarão do fogo.
10: Percorridos já nove estádios, no seu avanço contra Timóteo, lançaram-se sobre eles os árabes em número de pelo menos cinco mil a pé e quinhentos a cavalo.
11: Travou-se um combate violento, mas, com a ajuda de Deus, os soldados de Judas venceram-nos. Vencidos, os árabes lhe pediram paz: prometiam dar gado aos judeus e os auxiliariam de outras maneiras.
12: Crendo que, na verdade, eles lhe poderiam ser úteis, Judas aceitou a paz com eles, e, concluída esta, regressaram às suas tendas.
13: Em seguida, atacou Judas uma cidade forte, chamada Caspin, cercada de muralhas, habitada por uma mistura de povos.
14: Confiados na firmeza de seus muros e na abundância de suas provisões, os sitiados mostraram-se excessivamente grosseiros contra as tropas de Judas, lançando-lhes injúrias, blasfêmias e palavras ímpias.
15: Judas juntamente com os seus invocaram o grande Senhor do mundo, que, no tempo de Josué, derribou os muros de Jericó sem aríetes nem máquinas de guerra; depois, investiram furiosamente contra a muralha.
16: Uma vez senhores da cidade pela vontade de Deus, praticaram uma horrorosa carnificina, a ponto de um tanque vizinho, com a largura de dois estádios, parecer cheio de sangue que ali se derramou.
17: Dali, após uma marcha de setecentos e cinquenta estádios, chegaram a Cáraca, onde habitavam os judeus chamados tubianos.
18: Não encontraram ali, todavia, Timóteo. Ele tinha-se retirado sem ter conseguido nada, mas deixara num posto uma guarnição muito forte.
19: Dositeu e Sosípatro, que comandavam tropas de Macabeu, foram atacar esse posto fortificado e mataram todos os homens que Timóteo ali havia colocado, isto é, mais de dez mil.
20: Macabeu dividiu então seu exército e confiou a cada um deles uma parte; em seguida, foi contra Timóteo, acompanhado de cento e vinte mil infantes e dois mil e quinhentos cavaleiros.
21: Logo que teve conhecimento da chegada de Judas, Timóteo conduziu as mulheres, as crianças e as bagagens para o lugar chamado Cárnion, porque era um lugar tornado inexpugnável pelos desfiladeiros e de acesso muito difícil.
22: Quando apareceu o primeiro exército de Judas, o terror apoderou-se logo dos inimigos, porque aquele que vê todas as coisas manifestou-se a seus olhos. Puseram-se imediatamente em fuga desordenada, ferindo-se constantemente uns aos outros e transpassando-se com as suas próprias espadas.
23: Judas perseguiu encarniçadamente esses malfeitores, matando e massacrando até trinta mil homens.
24: O próprio Timóteo caiu nas mãos dos soldados de Dositeu e de Sosípatro, aos quais pediu com grandes instâncias deixá-lo partir são e salvo, porque tinha em seu poder os pais e mesmo os irmãos da maior parte deles, que poderiam ser maltratados.
25: Dava-lhes numerosas garantias e prometia libertar seus prisioneiros sem fazer-lhes mal; e, com isso, soltaram-no, para salvar seus irmãos.
26: Em seguida, Judas atacou Cárnion e o templo de Atargates e massacrou vinte e cinco mil homens.*
27: Depois dessa perseguição e matança, conduziu suas tropas diante de Efron, cidade fortificada, onde habitava Lísias e gente de todas as nações. Jovens robustos, colocados em frente à muralha, defendiam-na valentemente, enquanto dentro havia grande provisão de máquinas de guerra e projéteis.
28: Os judeus invocaram o Soberano que tem o poder de aniquilar as forças dos inimigos, tornaram-se senhores da cidade e mataram ali vinte e cinco mil homens.
29: Dali partiram eles para alcançar a cidade de Citópolis, a seiscentos estádios de Jerusalém.
30: Todavia, os judeus que habitavam ali atestaram que os citopolitanos haviam usado de benevolência para com eles e os haviam tratado com deferência no tempo da perseguição.
31: Judas e os seus agradeceram, pois, a estes e os exortaram a perseverar nessas disposições para com os de sua raça. Em seguida, entraram em Jerusalém, porque a festa das Semanas se aproximava.
32: Passada a festa de Pentecostes, foram contra Górgias, chefe militar da Idumeia.
33: Este saiu-lhes ao encontro com três mil infantes e quatrocentos cavaleiros.
34: Travou-se uma batalha na qual pereceram alguns judeus.
35: Dositeu, um dos cavaleiros de Baquenor, muito corajoso, apoderou-se de Górgias e retendo-o pela clâmide, arrastava-o à força, a fim de capturar vivo o maldito, quando se precipitou sobre ele um cavaleiro da Trácia, que lhe decepou um ombro. E Górgias fugiu para Marisa.
36: No entanto, as tropas de Esdrin, que combatiam há muito tempo, achavam-se fatigadas. Então, Judas suplicou ao Senhor que se mostrasse seu aliado e os guiasse no combate.
37: E, começando a entoar cantos na língua pátria e lançando o grito de guerra, atirou-se subitamente sobre os soldados de Górgias e obrigou-os à retirada.
38: Depois disso, reunindo seu exército, Judas alcançou a cidade de Odolam e, chegando o sétimo dia da semana, purificaram-se segundo o costume e celebraram ali o sábado.
39: No dia seguinte, Judas e seus companheiros foram tirar os corpos dos mortos, como era necessário, para depô-los na sepultura ao lado de seus pais.
40: Ora, sob a túnica de cada um encontraram objetos consagrados aos ídolos de Jâmnia, proibidos aos judeus pela Lei: todos, pois, reconheceram que fora esta a causa de sua morte.
41: Bendisseram, pois, a mão do justo juiz, o Senhor, que faz aparecer as coisas ocultas,
42: e puseram-se em oração, para implorar-lhe o perdão completo do pecado cometido. O nobre Judas falou à multidão, exortando-a a evitar qualquer transgressão, ao ver diante dos olhos o mal que havia sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados.
43: Em seguida, organizou uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados. Belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição!
45: Mas, se ele acreditava que uma belíssima recompensa aguarda os que morrem piedosamente,
46: era esse um bom e religioso pensamento. Eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas.