34: Ouvindo essas palavras de seu pai, Esaú soltou um grito cheio de amargura, e disse-lhe: “Abençoa-me também a mim, meu pai!”.
1: Isaac envelhecera e seus olhos enfraqueceram-se, de modo que não podia ver. Chamou Esaú, seu filho primogênito, e disse-lhe: “Meu filho!”. “Eis-me aqui!” – respondeu ele.
2: Isaac disse: “Tu vês, estou velho e não sei quando vou morrer.
3: Toma as tuas armas, tua aljava e teu arco, vai ao campo e mata-me uma caça.
4: Prepara-me depois um prato suculento, como sabes que gosto, e me traz para que o coma e minha alma te abençoe antes que eu morra”.
5: (Ora, Rebeca ouviu atentamente enquanto Isaac falava ao seu filho Esaú.) E Esaú partiu para o campo, a fim de matar e trazer a caça.
6: Rebeca disse a Jacó, seu filho: “Acabo de ouvir teu pai dizer ao teu irmão Esaú para que lhe traga uma caça
7: e lhe prepare um bom prato, a fim de comer e o abençoar diante do Senhor antes de morrer.
8: Ouve-me, pois, meu filho, e faze o que te vou dizer.
9: Vai ao rebanho e traze-me dois belos cabritos. Prepararei com eles um prato suculento para o teu pai, como ele gosta,
10: tu lhe levarás e ele comerá, a fim de que te abençoe antes de morrer”.
11: “Mas – respondeu Jacó à sua mãe – Esaú, meu irmão, é peludo, enquanto eu sou de pele lisa.
12: Se meu pai me tocar, passarei aos seus olhos por um impostor e atrairei sobre mim uma maldição em lugar de bênção.”
13: “Tomo sobre mim esta maldição, meu filho – disse sua mãe. Ouve-me somente, e vai buscar o que te digo.”
14: Jacó foi e trouxe os dois cabritos, com os quais sua mãe preparou um prato suculento, como seu pai gostava.
15: Escolheu as mais belas vestes de Esaú, seu filho primogênito, que tinha em casa, e revestiu com elas Jacó, seu filho mais novo.
16: Cobriu depois suas mãos, assim como a parte lisa do pescoço, com a pele dos cabritos,
17: e pôs-lhe nas mãos o prato suculento e o pão que tinha preparado.
18: Jacó foi para junto de seu pai e disse-lhe: “Meu pai! Eis-me aqui!”. “Quem és tu, meu filho?”
19: Jacó respondeu: “Eu sou Esaú, teu primogênito; fiz o que me pediste. Levanta-te, assenta-te e come de minha caça, a fim de que tua alma me abençoe”.
20: “Como encontraste caça tão depressa, meu filho?” “É que o Senhor, teu Deus, fez que ela se apresentasse diante de mim.”
21: “Aproxima-te, então, meu filho, para que eu te apalpe e veja se, de fato, és o meu filho Esaú.”
22: Jacó aproximou-se de Isaac, seu pai, que o apalpou e disse: “A voz é a voz de Jacó, mas as mãos são as mãos de Esaú”.
23: E não o reconheceu, porque suas mãos estavam peludas como as do seu irmão Esaú. E abençoou-o.
24: “Tu és bem o meu filho Esaú?”. Disse-lhe ele: “Sim”.
25: “(Então) serve-me, para que eu coma de tua caça, meu filho, e minha alma te abençoe.” Jacó serviu-lhe e ele comeu; e trouxe-lhe também vinho, do qual ele bebeu.
26: Então Isaac, seu pai, disse-lhe: “Aproxima-te, meu filho, e beija-me”.
27: E, aproximando-se Jacó para lhe dar um beijo, Isaac sentiu o perfume de suas vestes, e o abençoou nestes termos. “Sim, o odor de meu filho é como o odor de um campo que o Senhor abençoou.
28: Deus te dê o orvalho do céu e a gordura da terra, uma abundância de trigo e de vinho!
29: Sirvam-te os povos e prostrem-se as nações diante de ti! Sê o senhor dos teus irmãos, e curvem-se diante de ti os filhos de tua mãe! Maldito seja quem te amaldiçoar e bendito quem te abençoar!”
30: Apenas Isaac acabara de abençoar Jacó, e este saíra de junto do seu pai, chegou Esaú da caça.
31: Preparou também ele um prato suculento e trouxe-o ao seu pai, dizendo: “Levanta-te, meu pai, e come da caça de teu filho, a fim de que tua alma me abençoe”.
32: “Quem és tu?” – perguntou-lhe seu pai Isaac. “Eu sou o teu filho primogênito Esaú.”
33: Então Isaac, tomado de emoção violenta, exclamou: “Quem é, pois, aquele que foi à caça e me trouxe o prato que eu comi antes que tu voltastes? Eu o abençoei, e ele será bendito”.
35: “Teu irmão – respondeu-lhe Isaac – veio, fraudulentamente, tomar a tua bênção.”
36: Esaú disse então: “Será porque ele se chama Jacó que me suplantou já duas vezes? Tirou-me meu direito de primogenitura, e eis que agora me rouba minha bênção!”. E ajuntou: “Não reservaste, porventura, uma bênção também para mim?”.*
37: Isaac respondeu-lhe: “Eu o constituí teu senhor, e dei-lhe todos os seus irmãos por servos e o estabeleci na posse do trigo e do vinho. Que posso ainda fazer por ti, meu filho?”.
38: Esaú disse ao seu pai: “Então só tens uma bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai!”. E pôs-se a chorar.
39: Isaac tomou a palavra: “Eis – disse ele – que a tua habitação será desprovida da gordura da terra e do orvalho que desce do céu.
40: Viverás de tua espada, servindo o teu irmão, mas, se te libertares, quebrarás o seu jugo de cima do teu pescoço”.
41: Esaú concebeu ódio por Jacó por causa da bênção que lhe tinha dado seu pai e disse em seu coração: “Virão os dias do luto de meu pai, e matarei meu irmão Jacó”.
42: E foram referidas a Rebeca estas palavras do seu filho primogênito. Ela mandou chamar seu filho mais novo, Jacó, e disse-lhe: “Teu irmão Esaú quer te matar para se vingar de ti.
43: Escuta-me, pois, meu filho: vai, foge para junto de Labão, meu irmão, em Harã;
44: fica em casa dele algum tempo, até que se acalme a cólera de teu irmão.
45: Assim que passar a sua cólera e tiver ele esquecido do que lhe fizeste, te mandarei buscar. Por que perderia eu vocês dois num só dia?”.
46: Rebeca disse a Isaac: “Estou desgostosa da vida por causa das filhas de Het. Se Jacó tomar uma mulher entre as filhas de Het, para que ainda viver?”.